Parque mistura cachoeiras incríveis, natureza preservada, boas opções de gastronomia e aquele céu que só o cerrado tem…
Por Stella Velloso
Morei na roça até meus 17 anos, e minha galera sabe que não é fácil me levar para uma viagem ao encontro da natureza, de trilhas, cachoeiras, não é fácil me levar para descobrir paraísos quase desconhecidos. Até surgir uma oportunidade de conhecer a Chapada dos Veadeiros, localizada em Goiás. A proposta era viajar com amigos para descobrir os mistérios do Planalto Central, sem custo de hospedagem, pois um deles tinha conhecidos por lá. Realmente imperdível!
Três horas de carro separam o aeroporto de Brasília de Alto Paraíso de Goiás. Pela estrada, já é possível ir se adaptando ao clima interiorano e pacato da região, que é Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco.
Bem simples e rústica, a Chapada dos Veadeiros tem atraído turistas dos mais variados tipos, como os que até mesmo em um fim de semana conseguem descobrir segredos da região. Tínhamos dois dias e meio para explorar uma lista de mais 30 cachoeiras. Escolhemos Santa Bárbara, Capivara, Segredo, Raizama, além do tradicional Vale da Lua. Planejamos visitar a Couros, mas a estrada até ela estava fechada por conta de um temporal dias antes. Todas elas são ótimas dicas para quem vai até lá.
Não espere encontrar neste texto muitas indicações de hotéis e restaurantes em Alto Paraíso ou na vila de São Jorge, pois nossa viagem foi para conhecer as cachoeiras da chapada e delirar com o que encontrássemos.
Santa Bárbara e Capivara
Primeiro dia, despertador tocando às 5h. Céu ainda estrelado, e a lua no meio daquela imensidão. A ideia era sair cedo para pegar a cachoeira ainda vazia, já que existe um controle de acesso e limite de visitantes por dia. O resultado foi um amanhecer incrível durante o percurso de uns 100km até a Comunidade Kalunga, de onde partem os grupos guiados para Santa Bárbara.
O acesso é feito, em grande parte, de carro, mas há um bom trecho de caminhada até a cachoeira. Pagamos cada um R$ 20 para o acesso com guia. Santa Bárbara é o deslumbre da chapada, graças à água verde esmeralda e à queda de 30 metros. Cada grupo só pode ficar uma hora na cachoeira.
Aproveitando o roteiro, o guia nos levou em seguida para a Capivara. Mais um pouco de trilha a pé para chegar até ela. São duas quedas d’água, um poço e um cânion com vista inexplicável. Antes de partir para Cavalcante, paramos numa casa que servia “comida à vontade” no fogão à lenha. Uma perdição depois de um dia inteiro andando! Vimos o sol ir embora no caminho de volta para casa.
Ainda conseguimos gás para ir jantar em São Jorge, em um dos lugares mais famosos e recomendados: a Risoteria. Como era feriado, o local estava bem cheio, mas conseguimos uma mesa ao ar livre, em meio a uma fogueira, e nos deliciamos com um enorme cardápio de risoto! Nesse dia tinha um show de forró na Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, mas preferimos guardar energia para o dia seguinte. Passamos em frente e o local estava cheio!
Cachoeira do Segredo e Vale da Lua
No segundo dia, uma longa caminhada para chegar à Cachoeira do Segredo. Fomos sem guia no trajeto de 6km. Encravada no meio de um paredão com quase 100 metros de altura e um poço de água gelada, porque o sol não bate o dia todo no local, entendemos bem o porquê do nome. Mesmo com acesso mais longo, a cachoeira estava lotada de turistas encantados com o tamanho do Segredo e a força da sua queda. Nadamos até o paredão para senti-la.
Na volta, encontramos diversos poços menores, com água transparente e cheio de peixes.
Voltamos para São Jorge, e demos uma passada rápida para conhecer o Vale da Lua. Erramos o caminho e acabamos entrando no Vale da Lua por dentro de uma área particular. Descemos até a área de visitação, mas não sem antes admirar aquela formação rochosa e mergulhar no rio que passa embaixo das pedras. Como já era fim do dia e a visitação ao Vale da Lua fecha às 17h, o local estava vazio e pudemos aproveitar para tirar fotos incríveis!
Na volta, ainda deu tempo de pegar o último pôr do sol da viagem, no Jardim de Maytrea. Almojantamos em Alto Paraíso, num restaurante vegano, chamado Cravo e Canela. Uma casinha supercharmosa de madeira, com cardápio maravilhoso, recheado de sopas, saladas, tapiocas e sucos tradicionais do cerrado!
Raizama
No último dia, saímos cedo rumo à Brasília, pensando em fazer um rápido pit stop na Cachoeira Raizama. No início da trilha, nos deparamos com um palco cheio de fotos dos artistas de rock e logo pensamos estar em Woodstock. Não perdemos tempo, para subir nele e posar para fotos, com instrumentos que ali ficam expostos. Pagamos os R$10 de taxa para acesso e seguimos pela trilha mais tranquila da viagem. Raizama é uma cachoeira que fica dentro de um cânion e tem diversos pontos de mergulho e pequenas quedas d’água. Uma despedida incrível de um dos lugares mais mágicos que já visitei na vida!
Dicas de viagem: levar água e comida para as cachoeiras. Nos pequenos povoados próximos a São Jorge e Alto Paraíso, tem pequenas padarias locais que fazem o tradicional biscoito de polvilho da chapada. Vale a pena uma parada para experimentar. A internet na região é péssima. Então se programe com trajetos online pois o sinal só funciona bem no centro de Alto Paraíso. Leve dinheiro em espécie pois não encontramos bancos ou caixas automáticos e nos locais que aceitam cartão, o sinal é fraco e talvez o pagamento não consiga ser efetuado.