Roteiros de Charme… só o nome já me atrai. E a você? Já ouviu falar da Associação de Hotéis Roteiros de Charme? Pois imagina hospedar-se em lugares que, ao longo de dois meses, desenvolvem, a cada semana, uma atividade em favor do meio ambiente. São ações simples. Mas, ao que tudo indica, eficazes. Tipo pegar uma chave de parafuso para apertar componentes do sistema hidráulico. Do elétrico também. Ou simplesmente medir o volume de desperdício de alimentos.
A comparação com o antes e o depois sempre surpreende. E vira regra tentar investir em sustentabilidade de maneira geral.
Esse é o programa desenvolvido pela associação (roteirodecharme.com.br), entidade criada em 1992, sob a influência da Eco-92, com o objetivo de promover o desenvolvimento do turismo sustentável. Atualmente, são 70 estabelecimentos associados – entre hotéis, pousadas e refúgios ecológicos – espalhados por 16 estados e 61 destinos. Eles estão inseridos nas categorias luxo, butique, temática ou de bem-estar. A premissa é uma só: aliar a qualidade dos serviços a boas práticas ambientais, no que se inclui responsabilidade socioeconômica.
A grande maioria se localiza fora dos centros urbanos. Exemplos? Do Norte do país: o hotel de selva Anavilhanas Jungle Lodge (anavilhanaslodge.com), que está incrustado na Amazônia, a duas horas e meia de Manaus. Do Sul: a Pousada do Engenho (pousadadoengenho.com.br), que fica na pacata cidade de São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul. Sudeste: o Ronco do Bugio (roncodobugio.com.br), de Piedade (São Paulo) e o Hotel Rosa dos Ventos (hotelrosadosventos.com.br), de Teresópolis (Rio).
Segundo o fundador e atual presidente da Roteiros de Charme, Helenio Waddington, no geral, ainda hoje 90% dos estabelecimentos hoteleiros do país não têm programas de sustentabilidade. Sendo assim, acentua, a entidade não exige que, ao se associar, o novo membro já tenha práticas ambientais desenvolvidas. Ele precisa, sim, se comprometer a adotá-las de imediato:
_ Se partíssemos dessa exigência, de já ser sustentável, a associação não teria quem aprovar. Fugiríamos ao nosso pressuposto, que é promover o desenvolvimento do turismo sustentável. O estabelecimento, que se inscreveu ou foi indicado, recebe nosso código de conduta e diz se aceita respeitá-lo. Se, além disso, tiver o nível de qualidade que buscamos, será aceito e a partir daí receberá nosso programa de sustentabilidade e será constantemente monitorado.
Por causa da pandemia da Covid-19, as visitas da entidade para a elaboração da lista de hotéis edição 2021 só começaram a ser feitas agora em novembro. E a nova publicação _ que se chama “Guia Passaporte” _ deverá estar pronta apenas em março ou abril do ano que vem. Em outros anos, essa checagem começava em março do ano anterior, e o guia saía em novembro. Aliás, ainda por causa da Covid-19, três associados fecharam as portas.
Outro problema: a entidade não teve como tocar o projeto que, acordado com a Organização das Nações Unidas (ONU), estabelece a redução e extinção do plástico nos hotéis associados. A campanha começaria em abril passado.
_ Hoje, a preocupação da indústria do turismo, no mundo, é sobreviver. Não é adequado forçar nada nesse momento. Essa ação virá, depois, naturalmente _ afirma Waddington, acrescentando que, com as restrições de viagens de/ao exterior, os hotéis que mais sofreram foram os localizados no Pantanal e na Amazônia, cuja clientela era, basicamente, internacional.
O executivo conta também que a entidade tentou estabelecer um denominador comum para os associados enfrentarem a pandemia, mas, que como as regras dos municípios variam muito, acabou deixando para os hotéis a criação dos protocolos:
_ Além disso, tem cliente que reclama da falta de rigor, tem cliente que acha tudo excessivo. O que sugerimos foi agir de forma a incomodar menos o hóspede e, ao mesmo tempo, seguir as regras de saúde estabelecidas.
E como ela avalia o comportamento da indústria no médio prazo?
_ Para o Natal, a procura está abaixo de outros anos. Já o réveillon registra recuperação: está normal. Agora, de resto, ninguém sabe…